segunda-feira, 13 de abril de 2009

O uso da gravura no expressionismo

O uso da gravura no expressionismo

O expressionismo é um fenómeno europeu do início do século XX que encontrou na Alemanha condições particularmente propícias para o seu desenvolvimento. Em 1905, um grupo de artistas forma o Die Brücke (A Ponte), que terá continuidade no Der blaue Reiter (O Cavaleiro Azul), a partir de 1911. Apresentando propostas revolucionárias para o fazer artístico, esses artistas opõem-se ao carácter essencialmente sensorial do Impressionismo. Se por impressão consideram a realidade que se imprime na consciência, por expressão entendem a subjetividade que se imprime à realidade. O Expressionismo pressupõe o compromisso do artista em relação às questões sociais e à situação histórica, almejando uma relação efetiva com a sociedade. Assim sendo, a questão da comunicação é de fundamental importância. Esses preceitos nortearam também os expressionistas que não participaram dos dois grupos seminais do movimento, e até mesmo as derivações ocorridas noutros países.

Os expressionistas recorreram largamente à gravura, que, nos seus primórdios, foi a forma mais simples e directa de expressão e comunicação, tendo se tornado uma tradição para ilustrações na Alemanha. Assim, com a maneira artesanal pela qual a matriz é feita, o artista deixa expressa a sua marca sobre a matéria resistente do metal ou madeira; impressa a matriz, a imagem multiplica-se e propicia uma ampla circulação de ideias.

A linguagem formal da gravura desenvolve-se ao mesmo tempo que a da pintura, e, ao exercerem mútua e íntima influência, constroem uma coesa poética visual, até então inédita em qualquer outro momento da história da arte. A força das imagens deriva da rigidez e angulosidade das linhas, da utilização de formas maciças, da simplicidade arcaica do fazer e da referência à arte dos povos de uma civilização mais autêntica. Imagens que prenunciam e registram um período entremeado de melancólicos e negros presságios de guerra e morte.

Schmidt-Rottluff, talvez o mais contundente dos artistas do Die Brücke, imprime nas suas xilogravuras uma vigorosa tensão, ao passo que, entre os expressionistas independentes, Beckmann fere o metal com a veemência de sua ponta-seca para apresentar um “circo” de personagens e situações insólitas. Otto Dix, personagem predominante no período entre guerras, mostra o homem em sua penúria e estado peculiar, com malícia e fealdade.

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