quarta-feira, 22 de abril de 2009

Correntes derivadas do Cubismo e do Futurismo

O Orfismo, e a Secção de Ouro

“A primeira das duas fases de trabalho da cor, é a chamada fase do “Cubismo Órfico”, por Robert e Sónia Delaunay, no qual o lirismo aliado à exaltação da cor e o movimento futuristas serviu de elementos base, para o desenvolvimento destas obras. A expressão Orfismo ou Cubismo Órfico, provem do nome do herói grego Orfeu, que encantava tudo e todos, incluindo os animais a própria natureza, com os seus dotes musicais. Segundo o poeta Guillaume Apollinaire, o Orfismo, seria então a arte de pintar, como se de um jogo poético, ou de uma composição musical se tratasse, como em Kandinsky.” Essa denominação foi dada por referência à figura mitológica de Orfeu, poeta e músico. Talvez Apollinaire quisesse, com isso, referir-se ao lirismo que os orfistas queriam imprimir às formas cubistas

“A Secção Áurea dos irmãos Villon Duchamp, conservou do Cubismo, apenas o fraccionamento geométrico da superfície pintada, os artistas que seguiam esta tendência, apenas tinham em comum a admiração por Cézanne, e a sua visão construtiva do mundo. A definição de Secção de Ouro provem de uma medida, uma proporção, formulada por Vitrúvio, que definia a proporção ideal entre duas grandezas. Esta proporção foi retomada no Renascimento com o tratado da “Divina Proporção”, de Luca Pacioli, e o “Tratado da Pintura” de Leonardo da Vinci. Estes conhecimentos serviram de base, para o desenvolvimento de conceitos como, a “visão piramidal do Homem”, segundo o qual, o olho humano seria o vértice de várias pirâmides, provenientes de todo e qualquer objecto observado. A substituição dos planos estáticos das fases anteriores, por estes novos planos piramidais, conferiu um novo movimento e dinamismo, às obras realizadas.”

Fórmula da “Secção de Ouro “
1=1,618
_______
0,618 1

O ORFISMO
Delaunay entra para o grupo do “Bateau-Lavoir” em 1909 em conjunto com Albert Gleizes, André Lhote, Jean Metzinger, Francis Picabia e o escultor Alexander Archipenko.
Artistas que formam o núcleo inicial do estilo do Cubismo para além dos fundadores Picasso e Braque.
O problema da cor no Cubismo inicial torna-se na preocupação de Robert Delaunay (1885/1941), que em reacção ao Cubismo Analítico de Picasso e Braque, quase monocromático, cria uma linguagem cubista que faz um uso dinâmico das cores saturadas.
A este desenvolvimento do Cubismo, Apollinaire dá o nome de “Orphisme”, definindo-o como “a arte de pintar novas estruturas a partir de elementos que não foram retirados da esfera visual, mas foram criados pelo próprio artista, dando-lhes este uma realidade completa”. As obras do artista Órfico devem "dar simultaneamente um prazer estético puro, uma estrutura que seja evidente, e um significado sublime, o tema. Isto é, arte pura.”(In “Les peintres cubistes” Guillaume Apollinaire, 1913.)
Delaunay, declarou por seu lado, que na pintura “somente as cores, são a forma e o tema”.
Apollinaire, associara Leger, Picabia, Marcel Duchamp e mais tarde o pintor Frank Kupka a esta tendência a que se viria juntar Sonia Terk.
As investigações de Delaunay vinham na sequência das dos impressionistas, de Seurat, e da leitura do tratado sobre a cor de Eugène Chevreul (que trata do contraste simultâneo).
Tal como Picasso e Braque, Delaunay estava preocupado com problemas formais e tentou especialmente combinar vários aspectos de figuras e objectos na mesma pintura. Ele mesmo viria a dar o nome de “Simultanéisme” a esta pintura, que viria a caracterizar nas seguintes palavras: ”Nada é horizontal ou vertical - a luz tudo deforma, quebra todas as coisas”. Neste aspecto o seu trabalho aproxima-se das experiências contemporâneas dos Futuristas.
A originalidade de Delaunay, e a sua importância na história da arte moderna, é que gradualmente veio a dispensar o “motif”, o tema, e a basear a sua pintura nos efeitos geométricos da refracção do próprio espectro da cor e no círculo cromático.
As suas pinturas tornam-se em fragmentos do arco-íris, e em 1912, pinta Le Disque, uma pintura “não objectiva” ou seja, não derivada de um motif da natureza, mas composta como um padrão geométrico de cores.
Nesta altura já Kandinsky em Munique experimentava as suas “improvisações”, que também eram não objectivas ou não figurativas. A primeira exposição do recém formado grupo “Der Blau Reiter” em Munique em Dezembro de 1911 incluiu trabalhos de Delaunay e desde aí, Delaunay e Kandinsky mantiveram correspondência.
De facto, a influencia de Delaunay foi maior na Alemanha que em França, e foi marcante em Franz Mark e Paul Klee.
DELAUNAY (Robert), pintor francês (Paris, 1885 – Montpellier, 1941). A seu ver, o quadro devia ser uma organização rítmica baseada numa selecção de planos coloridos.
Além disso, Orfismo foi um termo bastante utilizado pelos simbolistas.
Assim se referiu Apollinaire sobre o movimento:
«O Orfismo é a arte de pintar novas estruturas a partir de elementos que não foram tomados da esfera visual mas foram inteiramente criados pelo próprio artista e por este dotado de plena realidade.
«As obras do artista orfista devem simultaneamente propiciar um puro prazer estético, uma estrutura que é evidente em si mesma e um significado sublime, ou seja, o tema».
De fato, Delaunay e Frank Kupka, outro importante membro do movimento, estiveram entre os primeiros artistas desse século a utilizarem-se de formas não representativas, buscando pontos de contacto entre a música e a abstracção pura.
Uma característica marcante do Orfismo era a importância da cor.
É o próprio Delaunay quem declara: «Só a cor é simultaneamente forma e motivo.»
Tanto quanto o Cubismo, o Orfismo preocupa-se em combinar figuras e objectos numa mesma obra.
Além disso, Delaunay, foi cada vez mais se desligando do motivo natural, para basear a sua obra em padrões geométricos de cores.
KUPKA (François), pintor tcheco (Opocno, 1871 – Puteaux, 1957). Um dos iniciadores, em Paris, da arte abstracta.
Entre os outros pintores que se utilizaram das premissas orfistas, destacam-se: Fernand Léger, Francis Picabia, e Marcel Duchamp.
LÉGER (Fernand), pintor francês (Argentan, 1881 – Gif-sur-Yvette, 1955). Depois de ter participado do movimento cubista, afirmou seu carácter pessoal, executando quadros inspirados na mecânica (engrenagens, pistões, bielas etc.). Pintou também objectos isolados ou reunidos em composições sistematicamente ordenadas.
PICABIA (Francis), pintor francês (Paris, 1879 - id., 1953). Participou dos movimentos cubista e dadaísta, sendo um dos pioneiros da arte abstracta.
DUCHAMP (Marcel), pintor francês (Blainville, 1887 – Neuilly-sur-Seine, 1968). Inicialmente influenciado pelo Cubismo, teve depois participação importante no movimento dada e no surrealismo. Tendo-se fixado nos E.U.A., dedicou-se à "antiarte" e em 1914 criava o primeiro ready-made. As suas pesquisas viriam a exercer influência na "Pop-Art".

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