Nova Objectividade - Neue Sachlichkeit
Dentro do clima da arte figurativa, entre as duas guerras mundiais, a terceira onda do Expressionismo Alemão concretiza-se com o grupo Nova Objectividade / Neue Sachlichkeit. O nome foi cunhado, em 1923, por Felix Hartlaub, director da Kunsthalle de Mannheim. A situação da Alemanha após a Primeira Guerra deu à sua arte tons políticos mais acentuados que o das primeiras ondas do Expressionismo. Entrou em confronto com a maré política favorável à centralização e fortalecimento do poder do Estado, prenunciadora do Nazismo. Seria este o elemento devastador do movimento. Com a ascensão de Hitler ao poder em 1933, houve a consequente queima das obras e a dispersão de seus artistas. A exposição em Berlim que fundou o grupo, no ano de 1923, pretendia apresentar trabalhos de artistas interessados pela crítica do quotidiano, do banal e, acima de tudo, da situação política da Alemanha no entre-guerras. Otto Dix, George Grosz, Max Beckman e George Scholz foram os principais artistas do grupo. Apesar de variações entre os seus trabalhos, queriam apresentar uma imagem crua da sociedade alemã depois da guerra de 1914.
A produção do grupo reunido em torno do que se convencionou chamar Nova Objetividade [Neue Sachlichkeit] deve ser compreendida como um desdobramento da voga expressionista após a 1ª Guerra Mundial, sobretudo do aspecto de crítica social que caracteriza boa parte do Expressionismo alemão. Trata-se portanto de uma arte de forte acento realista que recusa as inclinações abstractas defendidas pelo grupo Die Brücke [A Ponte]. O termo é criado em 1923 por Gustav Hartlaub, quando, em carta aos jornais, manifesta a intenção de realizar uma exposição com o título Nova Objectividade, que reunisse obras referidas à 'realidade positiva'. A exposição teria lugar dois anos depois no Kunsthalle de Munique, e dá nome a uma tendência figurativa da arte alemã das décadas de 20 e 30. Menos que um estilo definido ou unificado, as obras expostas em 1925 têm em comum o tom de denúncia e sátira social, a crítica mordaz à sociedade burguesa e à guerra. A dicção contestadora e crítica dessa produção leva à perseguição dos artistas pelo Estado nazista e à dissipação do movimento na década de 30.
O pintor e gravador alemão Otto Dix (1891-1969), ao lado do pintor e desenhista, também alemão, George Grosz (1893-1959), são considerados os dois grandes nomes dessa linhagem expressionista. A obra de Dix põe a tónica na hipocrisia e frivolidade da sociedade berlinense do pós-guerra, como indica o seu tríptico A Grande Cidade (1927-1928) e a representação de personagens socialmente marginalizados, por exemplo prostitutas e trabalhadores. À condenação moral da sociedade burguesa decadente soma-se a desilusão diante dos horrores da guerra, que se torna um dos motivos centrais da sua obra. A série A Guerra (1924), composta por cinquenta gravuras, é considerada a mais eloquente expressão já produzida por um artista. No célebre Vendedor de Fósforos (1920), por sua vez, Dix expõe, quase fotograficamente, o descaso dos passantes diante do sofrimento de um ex-soldado cego e paralítico. A produção dessa fase do artista constitui uma espécie de crónica ácida e indignada do ambiente alemão do período, o que vale a sua prisão em 1939 e a condenação de sua obra como arte degenerada. Não muito distinto é o andamento da trajectória e obra de G. Grosz. Marcado de perto pela experiência da 1ª Guerra Mundial, da qual participa como membro do exército alemão, Grosz produz caricaturas e ilustrações satíricas que denunciam, não apenas as tragédias da guerra, mas a sociedade e as classes dirigentes alemães. O tom explicitamente político de seus trabalhos se faz notar, entre outros, em A Face da Classe Dominante (1921) e Ecce Homo (1927). A guerra especificamente foi tratada satiricamente em desenhos como Apto para o Serviço Activo (1918) - onde se vê um médico declarando um esqueleto apto para o serviço militar - e em diversas telas, por exemplo Funcionário do Estado para as Pensões dos Mutilados de Guerra (1921). Aí, vemos representada uma cena citadina, em que se cruzam operários, soldados e outros personagens e, em primeiro plano, um grotesco funcionário vesgo e gordo, protótipo da mediocridade burocrática. De sua galeria de personagens urbanos fazem parte ainda prostitutas e especuladores. A denúncia do militarismo e da sociedade alemã vale a Grosz uma série de processos e um auto exílio nos Estados Unidos, em 1933, momento em que sua obra inclina-se em outras direcções. Vale observar que tanto Dix como Grosz ligaram-se aos grupos dadaístas berlinenses, no início dos anos 20, tendo este último colaborado ainda com o teatro político de Erwin Piscator (1893-1966), em 1928. O pintor e artista gráfico Max Beckmann (1884-1950), que participa da exposição de 1925, teve algumas das suas obras classificadas como ligadas à Nova Objectividade, em função do acento realista e tom crítico. De qualquer modo, a maior parte de sua produção distancia-se do tipo de realismo defendido por Dix e Grosz, sobretudo em função da presença da alegoria e do simbolismo.
Dentro do clima da arte figurativa, entre as duas guerras mundiais, a terceira onda do Expressionismo Alemão concretiza-se com o grupo Nova Objectividade / Neue Sachlichkeit. O nome foi cunhado, em 1923, por Felix Hartlaub, director da Kunsthalle de Mannheim. A situação da Alemanha após a Primeira Guerra deu à sua arte tons políticos mais acentuados que o das primeiras ondas do Expressionismo. Entrou em confronto com a maré política favorável à centralização e fortalecimento do poder do Estado, prenunciadora do Nazismo. Seria este o elemento devastador do movimento. Com a ascensão de Hitler ao poder em 1933, houve a consequente queima das obras e a dispersão de seus artistas. A exposição em Berlim que fundou o grupo, no ano de 1923, pretendia apresentar trabalhos de artistas interessados pela crítica do quotidiano, do banal e, acima de tudo, da situação política da Alemanha no entre-guerras. Otto Dix, George Grosz, Max Beckman e George Scholz foram os principais artistas do grupo. Apesar de variações entre os seus trabalhos, queriam apresentar uma imagem crua da sociedade alemã depois da guerra de 1914.
A produção do grupo reunido em torno do que se convencionou chamar Nova Objetividade [Neue Sachlichkeit] deve ser compreendida como um desdobramento da voga expressionista após a 1ª Guerra Mundial, sobretudo do aspecto de crítica social que caracteriza boa parte do Expressionismo alemão. Trata-se portanto de uma arte de forte acento realista que recusa as inclinações abstractas defendidas pelo grupo Die Brücke [A Ponte]. O termo é criado em 1923 por Gustav Hartlaub, quando, em carta aos jornais, manifesta a intenção de realizar uma exposição com o título Nova Objectividade, que reunisse obras referidas à 'realidade positiva'. A exposição teria lugar dois anos depois no Kunsthalle de Munique, e dá nome a uma tendência figurativa da arte alemã das décadas de 20 e 30. Menos que um estilo definido ou unificado, as obras expostas em 1925 têm em comum o tom de denúncia e sátira social, a crítica mordaz à sociedade burguesa e à guerra. A dicção contestadora e crítica dessa produção leva à perseguição dos artistas pelo Estado nazista e à dissipação do movimento na década de 30.
O pintor e gravador alemão Otto Dix (1891-1969), ao lado do pintor e desenhista, também alemão, George Grosz (1893-1959), são considerados os dois grandes nomes dessa linhagem expressionista. A obra de Dix põe a tónica na hipocrisia e frivolidade da sociedade berlinense do pós-guerra, como indica o seu tríptico A Grande Cidade (1927-1928) e a representação de personagens socialmente marginalizados, por exemplo prostitutas e trabalhadores. À condenação moral da sociedade burguesa decadente soma-se a desilusão diante dos horrores da guerra, que se torna um dos motivos centrais da sua obra. A série A Guerra (1924), composta por cinquenta gravuras, é considerada a mais eloquente expressão já produzida por um artista. No célebre Vendedor de Fósforos (1920), por sua vez, Dix expõe, quase fotograficamente, o descaso dos passantes diante do sofrimento de um ex-soldado cego e paralítico. A produção dessa fase do artista constitui uma espécie de crónica ácida e indignada do ambiente alemão do período, o que vale a sua prisão em 1939 e a condenação de sua obra como arte degenerada. Não muito distinto é o andamento da trajectória e obra de G. Grosz. Marcado de perto pela experiência da 1ª Guerra Mundial, da qual participa como membro do exército alemão, Grosz produz caricaturas e ilustrações satíricas que denunciam, não apenas as tragédias da guerra, mas a sociedade e as classes dirigentes alemães. O tom explicitamente político de seus trabalhos se faz notar, entre outros, em A Face da Classe Dominante (1921) e Ecce Homo (1927). A guerra especificamente foi tratada satiricamente em desenhos como Apto para o Serviço Activo (1918) - onde se vê um médico declarando um esqueleto apto para o serviço militar - e em diversas telas, por exemplo Funcionário do Estado para as Pensões dos Mutilados de Guerra (1921). Aí, vemos representada uma cena citadina, em que se cruzam operários, soldados e outros personagens e, em primeiro plano, um grotesco funcionário vesgo e gordo, protótipo da mediocridade burocrática. De sua galeria de personagens urbanos fazem parte ainda prostitutas e especuladores. A denúncia do militarismo e da sociedade alemã vale a Grosz uma série de processos e um auto exílio nos Estados Unidos, em 1933, momento em que sua obra inclina-se em outras direcções. Vale observar que tanto Dix como Grosz ligaram-se aos grupos dadaístas berlinenses, no início dos anos 20, tendo este último colaborado ainda com o teatro político de Erwin Piscator (1893-1966), em 1928. O pintor e artista gráfico Max Beckmann (1884-1950), que participa da exposição de 1925, teve algumas das suas obras classificadas como ligadas à Nova Objectividade, em função do acento realista e tom crítico. De qualquer modo, a maior parte de sua produção distancia-se do tipo de realismo defendido por Dix e Grosz, sobretudo em função da presença da alegoria e do simbolismo.
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