sexta-feira, 23 de outubro de 2009

BARROCO

No final do século XVI surgiu na Itália uma nova expressão artística, que se contrapunha ao maneirismo e às características remanescentes do Renascimento. O Barroco pode ser considerado como uma forma de arte emocional e sensual, ao mesmo tempo que se caracteriza pela monumentalidade das dimensões, opulência das formas e excesso de ornamentação.
O Barroco está intrinsecamente ligado à Igreja Católica, patrono das artes nessa época, que o encorajou como reacção ao movimento protestante, procurando incentivar um retorno a práticas tradicionais e espirituais. Desta forma, temos uma arte directamente comprometida e servindo de elemento de propaganda. Nasceu em Roma mas em seguida diversificou-se, à medida que cada País Europeu o adoptava e adaptava. Enquanto em Itália o Barroco apresentou elementos mais pesados, nos Países protestantes o estilo tornou-se mais ameno.
Embora tenha o Barroco assumido diversas características ao longo da sua história, o seu surgimento está intimamente ligado à Contra-Reforma. A arte barroca procura comover intensamente o espectador.
Nesse sentido, a Igreja converte-se numa espécie de espaço cénico, num teatro sacro onde são encenados os dramas.
O Barroco é o estilo da Reforma católica também denominada de Contra-Reforma. Arquitectura, escultura, pintura e todas as belas artes, serviam de expressão ao Barroco nos territórios onde ele floresceu: a Espanha, a Itália, Portugal, os países católicos do centro da Europa e a América Latina.
O catolicismo barroco também impregnou a literatura, e uma das suas manifestações mais importantes e impressionantes foram os "autos sacramentais", peças teatrais de argumento teológico, reflexo do espírito espanhol do século XVII, e que eram muito apreciados pelo grande público, o que denota o elevado grau de instrução religiosa do povo.
Contrariamente à arte do Renascimento, que pregava o predomínio da razão sobre os sentimentos, no Barroco há uma exaltação dos sentimentos, a religiosidade é expressa de forma dramática, intensa, procurando envolver emocionalmente as pessoas.
Além da temática religiosa, os temas mitológicos e a pintura que exaltava o direito divino dos reis (teoria defendida pela Igreja e pelo Estado Nacional Absolutista que se consolidava) também eram frequentes.
De certa maneira, assistimos a uma retomada do espírito religioso e místico da Idade Média, numa espécie de ressurgimento da visão teocêntrica do mundo. E não é por acaso que a arte barroca nasce em Roma, a capital do catolicismo.
A escola literária barroca é marcada pela presença constante da dualidade. Antropocentrismo versus teocentrismo, céu versus inferno, entre outras constantes.
Contudo, não há como colocar o Barroco simplesmente como uma retomada do fervor cristão. A sua grande diferença do período medieval é que agora o homem, depois do Renascimento, tem consciência de si e vê que também tem valor - com exemplos em estudos de anatomia e avanços científicos o homem deixa de colocar tudo nas mãos de Deus.
O Barroco caracteriza-se, portanto, num período de dualidades; num eterno jogo de poderes entre divino e humano, no qual não há mais certezas. A dúvida é que rege a arte deste período. E nas emoções o artista vê uma ponte entre os dois mundos, assim, tenta desvenda-las nas suas representações.

O Barroco e a Religião
O Concílio de Trento, o 19º concílio ecuménico, convocado pelo Papa Paulo III para assegurar a unidade de fé e a disciplina eclesiástica, realizou-se de 1545 a 1563, no contexto da reacção da Igreja Católica à cisão vivida na Europa do século XVI, diante da Reforma Protestante. É conhecido como o Concílio da Contra-Reforma e foi o mais longo da história da Igreja. O Concílio emitiu numerosos decretos disciplinares, em oposição aos protestantes e estandardizou a missa, abolindo largamente as variações locais. Regulou também as obrigações dos bispos e confirmou a presença de Cristo na eucaristia.
Definiu, de forma explícita, que a arte deve estar a serviço dos ritos da Igreja, através de imagens, tidas como elementos mediadores entre a humanidade e Deus. Os protestantes iconoclastas criticam precisamente esse amplo uso de imagens sagradas. Para os teóricos da Contra-Reforma, no entanto, tais imagens constituem um meio privilegiado de doutrina cristã e da história sagrada.